Drogas. Internar à força é a solução? - Clínica Terapêutica Cantareira

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Drogas. Internar à força é a solução?

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Publicado em: 08/08/2011 - 16:29

Depoimentos publicados na revista Marie Claire de março de 2011, edição número 240.

CASO 1

Joana (fictício), 55 anos, luta contra a dependência química do filho há 13 anos:

“Daniel (fictício), sempre foi uma criança agitada. Na escola, falavam em hiperatividade.” Aos 11 anos, começou a fazer terapia. Aos 12, fumou o primeiro baseado. Joana descobriu que o filho usava maconha quando ele tinha 15. “Fiquei desesperada. Os profissionais falavam: Maconha é leve. Não vicia. Mas eu tinha medo, com razão”. Joana mudou de bairro para afastá-lo das companhias. Mas Daniel acabou conhecendo a cocaína. Aos 21, experimentou crack. Joana percebeu a mudança de comportamento do filho. “Ele não saía mais do quarto, não participava das festas em casa, me pedia dinheiro o tempo todo. Pressionei e briguei até ele assumir. Entrei em pânico.”

A primeira internação demorou 15 dias. Daniel voltou a fumar crack semanas depois da alta. A partir daí, a família o levou à força outras três vezes para clínicas de recuperação. “Sempre tomei as decisões sozinhas. Meu marido, pai do Daniel, me apoiava, mas não participava tanto. Ele viajava muito a negócios”, afirma Joana. “Na segunda vez, decidi me internar junto com o Daniel. Queria que ele tivesse todo o conforto de casa e também ia poder cuidar dele de perto. Achei uma clínica caríssima que aceitou minha idéia. Passava o tempo todo ao lado dele, conversando. Participava das terapias, das atividades em grupo.” Mãe e filho dormiram no mesmo quarto. Ambos tomaram calmantes no dia em que chegaram. Ela por conta do stress, ele como parte do tratamento.

Joana passou seis meses internada ao lado do filho. “Só voltava para casa nos finais de semana. Achava que a culpa de tudo aquilo era minha. Ficar lá presa com ele era um jeito de aliviar esse sentimento. Deixei de cuidar da minha aparência, do corpo. Vivia para ele. Na clínica, aprendi que ele tem uma doença, que vai acompanhá-lo para o resto da vida”. Algumas semanas depois da alta, ela percebeu que o filho não estava recuperado. “Ele voltou a me pedir dinheiro, sempre com a desculpa de comprar um tênis, uma roupa. Pedia para eu confiar nele, o deixar sair. Desconfiei. Durante uma briga, ele assumiu que estava no crack novamente. Disse, até mesmo, que tinha fumado na clínica onde ficamos juntos, enquanto eu dormia. Naquele momento me senti derrotada, acabada. Foi quando percebi que não adianta apenas eu querer ver ele livre da droga. Ele também precisava querer. A internação, no entanto, é uma maneira de protegê-lo dele mesmo. É internar para não morrer.” Daniel está limpo há dois meses. Toma um estabilizador de humor, um ansiolítico, faz dois tipos de terapia, uma focada na dependência química e outra mais ampla. “É um luta dificílima. Mas desistir significa esperar notícia de que ele apareceu morto.”

CASO 2

DANIEL, 28 anos, é casado, pai de dois filhos pequenos e mora perto da mãe. Inteligente, narra a sua trajetória com clareza e detalhes. A análise que faz dos seus problemas parece lógica, lúcida. A desenvoltura intelectual, no entanto, não é suficiente para esconder uma enorme ansiedade. Acende um cigarro atrás do outro durante a entrevista. Daniel precisa contar a sua história. Depois de quatro horas de conversa, estava longe dos acontecimentos recentes. Evidentemente, está buscando uma resposta para o porquê de tudo que lhe aconteceu. Fisicamente, aparenta ser saudável. Tem olhos agitados. Parece um rapaz bem humorado e é bastante  carinhoso. Diz que, mesmo no período de maior uso do crack, nunca foi violento com a família. A seguir, o depoimento dele:

“Fui internado quatro vezes, todas contra a minha vontade. Uso drogas desde os 12 anos. Ouvi que maconha relaxava e fui procurar a droga sozinho. Passei a fumar todos os dias. Experimentei cocaína pela primeira vez aos 15. Aos 19, veio o crack. Aos 21 anos, quando meu primeiro filho nasceu, estava cheirando todos os dias e fumando crack. O nascimento dele não me fez pensar na vida ou nas minhas atitudes naquele momento. Eu não me considerava um doente, um dependente químico e achava que tinha controle sobre o consumo de drogas. Até que comecei a me cansar das brigas com minha mãe e passei a ter vergonha de ser o drogado da família. Pensei em parar. Diminuí o crack e a cocaína, me mantive na maconha. Se minha família tivesse proposto, teria me internado sozinho. Mas eles me pegaram de surpresa. Me senti traído no dia da internação. Fiquei confinado 15 dias e no dia em que saí estava tão revoltado que fui comprar pó.

Na segunda internação, minha mãe ficou comigo na clínica. Não adiantou nada. Usei crack lá dentro. Casei aos 22 anos. Graças a esse relacionamento, passei um tempo só na maconha. Mas recaí e voltei para o crack. Fui internado outra vez e foi aí que me dei conta do poder do crack sobre mim. Entendi que eu tinha uma doença. Quando saí, fiquei limpo dois anos. Minha filha nasceu e achei que nunca mais fosse recair. Até que comecei a tomar cerveja. Como controlava a cerveja, achei que controlaria a maconha. Em pouco tempo estava no crack de novo. Fui internado novamente.

Durante muito tempo, acordava todos os dias dizendo que não ia fumar crack, mas, no meio do dia, não resistia e ia atrás da droga. O crack me fazia sentir transgressor, poderoso. O fato de fazer alguma coisa que ninguém sabia me fazia sentir potente. Acho que é uma maneira de compensar a baixo autoestima que eu sinto desde os tempos da escola, quando tirava notas mais baixas que meus colegas por causa da hiperatividade. Na hora que usava, bloqueava os pensamentos e mentia para mim mesmo que aquilo não traria conseqüências para minha vida ou a dos meus filhos. Também me convencia de que fumara só um pouquinho. A verdade é que sempre fui uma pessoa compulsiva, fumo três maços de cigarro por dia. Meu problema não é a droga e sim o que me leva até ela.”;

CASO 3

Há dois anos, o caso da gaúcha Flávia Hahn, 62, chocou o Brasil: ao tentar se defender do filho Tobias, então com 24 e em surto psicótico, acabou disparando um revólver contra ele. Ele também era dependente de crack. Filho único, Tobias foi diagnosticado com hiperatividade aos 4 anos, quando começou  a tomar remédios e fazer terapia. Largou o tratamento na adolescência, por causa das drogas. Fumou maconha pela primeira vez aos 14. Cheirou cocaína aos 17, quando passou a roubar e assaltar para sustentar o vício. Aos 21, foi para o crack. Para pagar o vício, vendeu uma moto, presente da mãe, e as próprias roupas. Quando o armário ficou vazio, vendeu os casacos de pele e sapatos da mãe. Depois foram as roupas de cama, os tapetes, a bateria do carro, o estepe e a chave de roda. Nos surtos de agressividade, Tobias dava socos em Flávia e no pai, Manfred Hahn, 78 anos. Batia no rosto. Queria dinheiro. Na última briga, Tobias perseguiu Flávia com uma faca. Foi quando ela pegou um revólver da coleção do marido. Mirou para o alto, na tentativa de amedrontar o filho e fazê-lo desistir da idéia de ameaçá-la. Tobias morreu aos 24 anos de idade. O tiro atingiu o seu pescoço”.

Tobias foi internado oito vezes à força em quatro anos. “Meu filho estava magro demais na primeira vez que o internei. Não comia, mal dormia. Eu e meu marido tomamos essa decisão porque estávamos preocupados com a saúde dele”, diz Flávia. Ele costumava ser carregado por enfermeiros em uma ambulância até a clínica. Às vezes, os médicos vinham acompanhados de policiais com um mandado judicial expedido a pedido de Flávia. No momento da captura, Tobias lutava. Até que lhe aplicavam injeções com calmantes, o que o deixava lento e fraco. O tratamento dentro de clínicas e hospitais duravam no máximo 30 dias. Três meses depois de voltar para casa, em média, recaía. Voltava a fumar 30 pedras de crack por dia. A justiça absolveu Flávia pela morte do filho – ela alegou legítima defesa. Hoje, ela mora com o marido na mesma casa onde viveram com Tobias, no bairro Tristeza, em Porto Alegre. “É como se ele estivesse aqui. Ainda ouço sua voz pela casa. Tobias me chamava muito para pedir dinheiro. O tempo todo …” Flávia está aposentada e ajuda outros jovens – inclusive a ex-namorada de Tobias – a se livrar do crack. “É uma ilusão acreditar que o usuário pode se livrar sozinho do vício, sem a desintoxicação. Só o amor não basta.”

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